Eu Sinto!



Eu sinto,
sinto no corpo o toque da alma,
ela acordou,
apontou o dedo pra mim.
Bocejou o bafo na minha cara,
fechou os olhos ignorando os meus.
Esticou os braços e as pernas,
Bateu a mão no camafeu.
Eu sinto,
sinto o cheiro de guardado e a energia estagnada
de sua vida bruta, parada.
Eu sinto,
sinto a vontade nascendo em mim.
Vontade de uma coisa, enfim.
A alma acordou do sono profundo,
voejaram partículas de células mortas,
eu olhei, vi o seu mundo.
Ela me encarou,
acuou o meu corpo num canto,
fez pressão sobre mim
e eu,
não percebi nada.
Tem uma melodia que toca intermitente,
as notas saem mortas,
é um desafino sem fim.
O mau-cheiro da fumaça embriaga os poros
e eu,
não enxergo nada.
Lá, bem distante à parte de mim,
o sol sorri meio sem graça,
os raios não chegam aqui
e eu,
o corpo não aqueci.
Eu sinto,
o cutucar do dia no tilintar do relógio,
vai o dia com sua noite,
e o outro dia....
e eu,
não tenho nada.
A alma acordou,
quer sair de mim.
Ando então pela casa,
Tomo o líquido quente da xícara,
abro a janela da sala e vejo e sinto,
sei e quero
que o ser habitante em mim,
acorde.
Anna Costa.

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