Espelho de Ana

Categoria- Conto De: Ana Cristina.                                       Sua vida era tão normal, tão enormemente trivial. Era um quadro a ser visto todos os dias com sua pintura intocável. Não havia nada de imperfeito, nenhum esboço, nem mesmo uma mancha desigual. Suas ações e seus trajetos de ida e vinda eram exatamente iguais, todos os dias. Uma moça, uma vontade e a iminência do fim, uma ponte e um livro. Fatos e coisas distintas e desiguais uns com os outros, mas quis o desatinado destino que esses elementos se encontrassem e num quarto do dia formassem um conjunto decidido a mudar a vida arrumadinha desse alguém. O metodista senhor certinho, largou tudo que se avizinhava em gavetas e prateleiras e foi em busca de si mesmo na história do outro. Viajou literalmente e paralelamente à sua vida até a cidade onde a história do livro aconteceu. Os fatos descortinaram-se, o fascínio aumentou, e o conceito que tinha sobre o que é viver, foi deixado numa mesa de professor d

Eu quero ser a tarde embalada em poesia, Mas se eu não puder Deixe–me ser um verso apenas Preciso encantar as vistas que me enxergam Os dedos que me escrevem Os suspiros que me rodeiam Também posso ser as horas mais tristes do seu dia magoado, Embalarei seus minutos com O Toque de Midas Eu quero ser o cheiro agradável do café coado Passarei por você como os sais das casas de banho Também posso ser o crocante do croissant que tanto gosta Posso ser se quiser o DNA de suas vidas Embebo de todo o abecedário que de ti eu ganho Deixe–me ser uma quadra apenas Aquela da qual todo mundo fala Que passa de geração a geração Pois serei imortal como uma Deusa escrita em verso Serei incontestavelmente a própria poesia Quero ser igualmente a noite que encobre o seu sossego Que lhe conforta o frenesi do dia Posso ser o cobertor jogado de lado na cama Ou a cortina que te olha de cima Mas se eu não puder Deixe–me ser a sua refeição diária Ou o aparelho da academia Ficaremos a