Espelho de Ana

Talvez ensurdeça um tempo por ouvir músicas repetidas e Os dedos endureçam de tanto buscarem as letras do teu nome. Talvez o copo, fique gasto pelos goles embriagados e O chão fique marcado dos passos buscando os seus. Pode ser que os pensamentos enlouqueçam tentando apreender tua fisionomia. Talvez, hoje não seja um bom dia para coisa alguma, E o tempo diga, não. E os acontecimentos mostrem o contrário, E o coração bata descompassadamente. A respiração pode ofegar profundamente relembrando o beijo E a vontade me leve até o fim do mundo, mas Provavelmente a covardia aprisione a coragem. E se não existirem sorvetes suficiente para matar a fome e a ansiedade? Nem ao menos lenços para enxugarem tantas lágrimas? Talvez eu veja a felicidade passeando e ela olhe de soslaio zombando de toda a minha insignificância, Talvez uma centelha de amor possuída de tentáculos consiga remover a apatia. Se isso acontecer, correrei ao encontro do destino,   E quem sa

Foi um cisco, Apenas um cisco no olho, Daqueles que culpamos pelas lágrimas. Começou com um esfregar de dedos nas pálpebras. Elas mentiram, Deixaram cair muitas águas, Molharam o brilho do chão, Mancharam a madeira, Escorreram na pele, Secaram o pulmão. Perguntaram então pelos olhos vermelhos, O coitado do cisco anão, Ficou mudo, calado, Já havia maculado os dois olhos, Pedia perdão. O ser que vertia o sal, Trancara a boca das palavras, Elas caíram no vão. Chorou suas mágoas, Cortou o peito, Enlaçou as mãos. Lembrou-se de todas as coisas, Sorria por vezes, Petrificou o próprio coração. Agora ele é estátua, Serve de cenário em pública praça. E o cisco? Este vagueia pelo mundo, Carregando sua culpa e vontade De cair em olhos alheios, Ele, o dito. Por: Ana Cristina da Costa